domingo, 14 de junho de 2009

Retrato do artista quando pirralho


Eis aí o retrato do pequeno Gianluca Sandrini. Que hoje, dia 14 de junho, completa 3 anos de idade e já está a brandir seus pincéis expressionistas contra o racionalismo do mundo. Influências? Segundo a opção estética do próprio fedelho, Miró e Munch. Na imagem, a confecção de sua primeira tela, após vários ensaios em papel. Isso aí, meu molequinho, feliz aniversário e todo as cores do papai na sua pequena alminha de artista.

Coletânea de FC Futuro presente

Confirmado: a coletânea de contos Futuro presente – dezoito ficções sobre o futuro, organizada por Nelson de Oliveira, terá lançamento nacional dia 5 de agosto (quarta-feira), em São Paulo, na Livraria da Vila (rua Fradique Coutinho, 915). Nessa data me teleportarei para SP. A coletânea está saindo pela Ed. Record. Os autores que a integram são os seguintes: André Carneiro, Andréa del Fuego, Ataíde Tartari, Carlos André Mores, Charles Kiefer, Deonísio da Silva, Edla van Steen, Hilton James Kutscka, Ivan Hegenberg, Luiz Bras, Luiz Roberto Guedes, Márcio Souza, Maria Alzira Brum Lemos, Maria José Silveira, Mustafá Ali Kanso, Paulo Sandrini, Rinaldo de Fernandes e Roberto de Sousa Causo. Participo da coletânea com As infalíveis H. Destaque para a presença do André Carneiro, nosso autor clássico de FC e que para minha grande honra esteve no lançamento da coleção Antena em outubro passado aqui em Curitiba (junto do Mustafá Ali Kanso).

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pequeno trecho de um grande livro

Assim é que começa O impostor no baile de máscaras, do inesquecível Manoel Carlos Karam:

"Nota de cabeça de página
Arranquei do dicionário a palavra paixão. Carrego comigo."

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Trechos de grandes livros (I)

A pena do Cornélio Hoje me deu na telha de postar aqui trechos de livros os quais volto a reler. Se não os leio inteiros novamente, ao menos me detenho em certas partes por algum bom tempo. Entre os meus desorganizados livros, queria muito encontrar um: Fronteira, de Cornélio Penna. Depois de meses, achei-o. E essa é a obra mais densa e escura que já li na literatura brasileira. Além fazer partedas conquistas formais das vanguardas do início do século passado (foi escrita na década de 1930), traz características do romance gótico e da tradição fantástica. Até hoje um marco na nossa literatura assolada pelo realismo. Cornélio Penna foi pintor, o que de certo modo dá a sua ficção uma riqueza de imagens incomum. O tom é introspectivo e fragmentário. Sempre nebuloso. E, bem, sobre o livro há alguns estudos por aí e a obra do autor foi bem resgatada nos últimos anos. Contudo eu não sabia do filme. O que, para a minha ignorância, foi uma boa surpresa. Vai lá, veja o site da película: http://www.fronteira.art.br/. XLIII Ficara em mim, como um remorso novo, a minha visita à igreja, e, entre as acusações confusas, logo abafadas, que me fazia, sobrepujava sempre a de que lá não encontrava Deus, porque fora involuntariamente. E um dia, vesti-me lentamente de negro, e dirigi-me para a Matriz, onde pregavam Missionários que percorriam toda a Mata, e caminhava trêmulo, como se fosse ao encontro do Senhor, sem humildade e sem pureza, mas com a vontade toda exterior de encontrá-lo, mesmo à custa de minha razão. Ajoelhei-me e passei longos momentos, de olhos cerrados, sentindo-me só no meio da multidão também ajoelhada, só, horrivelmente só, longe de toda a vida, de toda inteligência, e, sobretudo, de toda bondade. E o sopro morno da febre da solidão, essa quietude doentia, essa dor de tudo que vive, me embriagava lentamente, e não queria despertar mais nunca... Nessa hora de prostração total lembrei-me de que todos os entes que amei se afastaram, uns com tédio, outros com um sonho diferente dormitando dentro do coração, outros com a verdade no fundo das pupilas límpidas, e reconheci que não tinha forças para criar um amor novo ou uma amizade nova, e qualquer esforço que fizesse, nesse sentido, seria criminoso.